A fratura exposta do tornozelo é grave e frequentemente causada por acidentes automobilísticos. Seu tratamento envolve o manejo cirúrgico com limpeza, fixação da fratura e antibioticoterapia. Assim, a ferida operatória está sujeita a infecções e à evolução para deiscência cirúrgica. Nestes casos, é importante realizar o tratamento com medidas adicionais à antibioticoterapia, como a Terapia por Pressão Negativa (TPN), um curativo ligado a um sistema à vácuo, que promove a remoção da secreção e formação de tecido de granulação e a Oxigenoterapia Hiperbárica (OHB), feita através da inalação de oxigênio puro em ambiente pressurizado, o que aumenta o suprimento sanguíneo e angiogênese, além de efeito anti-inflamatório e bactericida.

Lesão 01

Lesão 02
Este relato de caso foi estruturado com base no CARE case report guideline e realizado por revisão de prontuário e registro fotográfico da lesão ao longo do tratamento consentido pelo paciente através de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Resultados: Paciente do sexo feminino, 73 anos, com hipertensão e osteoporose, vítima de atropelamento por carro culminando em fratura extensa de tornozelo direito, submetida a osteossíntese. Em pós-operatório apresentou 2 lesões no tornozelo direito: região medial apresentando solução de continuidade, bordas aproximadas por fios de sutura, tensionamento da ferida operatória com risco de deiscência, secreção serosanguinolenta, sinais inflamatórios, perilesão edemaciada, com hematomas disseminados e dor local; região lateral com bordas unidas por suturas, apresentando área de descontinuidade central e leito granulado, pouco fibroso, demais áreas com bordas ajustadas, tensionadas, secreção serosanguinolenta em moderado volume, perilesão edemaciada e dolorosa. Evoluiu ao longo da internação com piora da inflamação e dor, cursando com solução de continuidade refratária, aumento do diâmetro da ferida e do volume de secreção seropurulenta, impregnação do leito com tecido desvitalizado, edema e hiperemia perilesional, além de risco de amputação. Admitido por equipe de feridas, indicado TPN, iniciada no 55º dia de pós-operatório. Após 24 dias de TPN ambas as lesões já apresentavam melhora importante, com diminuição da exsudação, aproximação das bordas, apresentando ainda deiscência em região distal, maior em face medial, mas com presença de tecido de granulação em abundância e superficialização das feridas. Após TPN seguiu tratamento com OHB e curativo especial até a síntese completa da ferida.
Conclusão: Conclui-se que a TPN pode ter contribuído para a evolução caso em questão através da remoção do conteúdo infeccioso e sanguinolento e maior aproximação das bordas da ferida, o que reforça seu uso nas feridas pós-operatórias de osteossíntese no trauma.

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Lesão 02